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Você entende o que é convergência midiática?

A convergência midiática transformou a comunicação. Como exemplo, podemos citar o seriado televisivo norte-americano Lost. O 2º programa mais popular do mundo de 2006 conseguiu mesclar boa trama e excelentes estratégias de marketing.

Você se lembra dos mobisódios (episódios de 2 a 3 minutos, produzidos para a distribuição em aparelhos celulares)? A ideia era dar uma experiência extra para os fãs da série e incentivá-los a investigar seus segredos.

Assim, era criada uma espécie de sistema de classes entre os espectadores: quem assistia apenas pela televisão; quem assistia pela televisão e pelo celular; quem assistia a ambos e quem, além de tudo, ainda navegava na internet para procurar por mais informações e compartilhá-las com outras pessoas nas comunidades virtuais.

Isso mostra que havia gente interessada em gastar tempo e dinheiro para estar imersa no universo do seriado mesmo em uma mídia diferente do produto primário. Então, o que você acha de ler um livro, ouvir um podcast e participar do Lost Experience, jogo de realidade alternativa?

No post de hoje, vamos explicar o que é convergência midiática. Boa leitura!

 

O que é convergência midiática?

O conceito foi desenvolvido por Henry Jenkins, norte-americano estudioso dos meios de comunicação e autor do livro “A Cultura da Convergência”. Seu significado pode ser entendido de duas formas.

A primeira delas foca no lado tecnológico e usa como exemplo os aparelhos eletrônicos que, além de sua funcionalidade básica, desempenham várias outras funções. Hoje, em um smartphone, você tem rádio, televisão, videogame e, também, escuta músicas em formato digital ou envia mensagens de texto.

Já a segunda forma compreende tanto as novas relações das indústrias de mídia quanto o seu vínculo com os consumidores. Isso porque, ao trabalharem com os mesmos produtos, elas são obrigadas a se relacionar mais. Além disso, com as novas tecnologias, em especial a internet, os fãs querem influenciar o desenvolvimento daquilo que consomem.

E, embora já ocorresse desde a década de 1990, com filmes que ganhavam jogos de videogames e vice-versa, a interação entre os mercados midiáticos ainda não era muito forte. O longa Super Mario Bros, por exemplo, acabou sendo um fracasso de crítica e de público, porque não soube respeitar o universo narrativo do videogame.

Atualmente, as equipes que trabalham um mesmo produto em diferentes mídias interagem bastante, como no caso da franquia Harry Potter. De uma coleção de livros, a história virou filme e, depois, videogame, sendo bem-sucedida nos vários meios.

 

De que maneira as tecnologias convergentes impactam o marketing?

Não há mais como desenvolver um planejamento de marketing sem considerar a convergência midiática. Afinal, os amantes de cinema, televisão, música, videogame ou qualquer outro produto cultural ganharam voz com a internet. Se o seu uso ainda era restrito em 1990, agora há sites, blogs, redes de relacionamento e fóruns virtuais para todos os gostos.

As pessoas querem interagir e dar uma nova cara ao conteúdo produzido pelas grandes empresas de comunicação. E, como não poderia deixar de ser, tais companhias já perceberam esse comportamento.

Apesar de continuarem hegemônicas, as informações estão cada vez mais espalhadas pela web. E, diante disso, há o desejo, por parte do público, de criar um relacionamento com as marcas.

 

Como aproveitá-las?

 

Narrativa transmidiática

A narrativa transmidiática (transmedia storytelling, em inglês) é fragmentada em diversas mídias, que podem depender ou não uma da outra. A série Lost, que já mencionamos, apresenta uma convergência complementar. Embora ela ampliasse a experiência de quem a assistia, não era preciso acompanhá-la em todas as mídias para entendê-la.

Já a trilogia do filme Matrix foi, de fato, 100% transmidiática. Era possível experimentá-la no todo ou em frações. Contudo, só fazia sentido se experienciada por inteiro. Assim, para entendê-la a fundo, você precisaria assistir aos filmes, ler as histórias em quadrinho, ver os animes e jogar o videogame em certa ordem cronológica.

Obviamente, isso a tornou mais densa e exigiu um maior esforço de quem quisesse acompanhá-la. A questão, porém, é que cada mídia tem um público específico. Se o do cinema ou o da televisão é mais amplo, o dos videogames, das histórias em quadrinho e das animações é mais restrito.

Por esse motivo, um dos principais desafios da indústria, hoje, é convencer as pessoas de que se trata de uma experiência narrativa nova. Um caminho é conseguir adaptar o conteúdo às especificidades dos meios, aproveitando o que cada um deles oferece de melhor.

Não se pode esquecer, é claro, de integrar as equipes de produção. Somente assim haverá coerência entre as narrativas.

 

Conteúdo para redes sociais

As empresas podem (e devem) aproveitar seus perfis nas redes sociais para criar ações publicitárias como a da Sadia, intitulada #jogapramim, de 2014. Essa campanha adotou a cultura da convergência ao usar sua página no Facebook para divulgar conteúdo sobre futebol, mesmo sem ter uma comunidade voltada especificamente para o esporte.

De início, foram exibidos vídeos de 15 segundos com crianças que comentavam nunca terem visto o Brasil ser campeão da Copa do Mundo, com a menção à hashtag. Alguns dias depois, um filme de 30 segundos foi veiculado nacionalmente na rede social e em canais de televisão aberta ou por assinatura.

Novamente, #jogapramim foi citada. Ainda houve um desdobramento com postagens de conteúdo culinário na web e na mídia impressa, também com a hashtag.

O destaque dado a ela na televisão e nos demais meios de comunicação mostrava a intenção da marca de levar os clientes a buscarem por mais materiais no meio online. E, para completar, refletia o caráter convergente da campanha desde a etapa do planejamento.

Se você leu até aqui, já deve estar convencido de que, mais do que um fenômeno tecnológico, a convergência midiática é um fenômeno cultural. Afinal, ela está ligada ao fluxo de histórias, imagens e sons nos diferentes suportes midiáticos.

Nesse cenário, as grandes organizações vêm descobrindo maneiras de se relacionar com os seus clientes, que têm voz ativa na web. Sem dúvida, as novas formas de consumo e de interação com os produtos midiáticos abrem infinitas possibilidades para quem souber inovar.

E então? Gostou de descobrir o que é convergência midiática? Aproveite a visita e siga-nos no Facebook!

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